Em geral, a crítica realizada a esse conceito combate a ideia de que uma cultura desaparece no momento em que entra em contacto com os valores de outras culturas.
No entanto, essa conclusão mostra-se completamente equivocada por compreender que a cultura consiste num conjunto de valores, práticas e processos imutáveis no interior de uma sociedade.
Estudos de natureza histórica e antropológica, principalmente a partir da segunda metade do século XX, demonstraram que as sociedades humanas estão constantemente a reorganizar as suas formas de compreender e lidar com o mundo. Dessa forma, a cultura não pode ser vista de uma forma estática e imutável.
Um dos mais claros exemplos desse processo pode ser visto em relação às comunidades indígenas brasileiras. No inicio do século XX, as autoridades oficiais acreditavam que a ampliação do contacto entre brancos e índios poderia, numa questão de décadas, extinguir as comunidades indígenas. Contudo, o crescimento das comunidades indígenas – a partir da década de 1950 – negou o prognóstico do início daquele século.
Desta forma, devemos compreender que a cultura é um processo dinâmico e aberto em que hábitos e valores são sistematicamente redignificados. Por isso, a ideia de aculturação não pode ser vista como o fim de uma cultura, pois não há como pensar que um mesmo grupo social irá preservar os mesmos costumes durante décadas, séculos ou milénios.
A cultura de um povo, para se manter viva, deve ser suficientemente livre para conduzir as suas próprias escolhas, inovações e permanências.
Olga Fernandes, Nº18
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