domingo, 19 de dezembro de 2010

"O Gene da Violência"



No final dos anos 90 e início do século XXI, havia uma grande atenção da parte da imprensa académica sobre genética comportamental, especialmente no que diz respeito a estes genes, os "genes da violência".

Em 1993, a análise do DNA de integrantes de uma família holandesa na qual se registavam vários casos de conduta violenta levou à conclusão de que um defeito genético era o responsável. Os estudos do psicólogo Herman Witkin com 4 139 recrutas do Exército da Dinamarca, em 1976, já iam pelo mesmo caminho. Witkin encontrou doze soldados com a formação cromossoma XYY, relativamente rara, e comprovou que 41,7% deles tinham cometido crimes no passado. Entre os demais, o índice de criminalidade era de 9%.



Estudos recentes, de 2009, confirmam o que já há quinze anos se sabia: que o gene MAOA L (Monoamine oxidase A, L de «Low», isto é, de baixa frequência) conduz à violência, ao crime e à agressão sexual, e é muito menos frequente entre brancos ocidentais do que entre gentes de outras origens etno-raciais.

Efectivamente, apenas um terço dos Ocidentais tem este gene, que é pelo contrário muito mais frequente (cerca de dois terços da população) em países onde está presente um conflito armado. Daí que o gene seja já chamado «o gene guerreiro».




Os genes podem afectar os comportamentos complexos como a agressão, pois são eles que direccionam a produção de proteínas - os blocos de construção dos sistemas vivos. Certos tipos de proteínas, as enzimas, quebram certas substâncias químicas no cérebro, principalmente, a serotonina - um mensageiro químico do cérebro que ajuda as células deste a comunicarem entre si.




"Uma coisa fascinante", diz o Dr. Meyer-Lindenberg, sobre esta área da ciência denominada “genética psiquiátrica ", “é como é possível que os genes possam codificar moléculas que afectam a algo tão complexo como o comportamento, até doenças psiquiátricas como a depressão e comportamento social. "
Para os estudar, Meyer-Lindenberg fez exames de ressonância magnética a mais de 100 voluntários saudáveis. Uma vez que esta variação genética é comum na nossa população, alguns dos voluntários tinham esta variação, e alguns não.
Mostrou-lhes fotos de raiva e medo, rostos e outras imagens perturbadoras, como as de um cão feroz ou de uma arma apontada em direcção à tela.

Como ele escreveu em "Proceedings of National Academy of Sciences", “Aqueles com a forma de agressão relacionada com o gene, ao verem as fotos, registam uma maior actividade na amígdala - a área do cérebro que detecta perigo, e menor actividade no córtex cingulado - o região do cérebro que é acreditada para controlar a agressão”.

Estes testes padrão do cérebro têm sido relacionados com a violência impulsiva, mas Meyer-Lindenberg adverte, "... porque a nossa amostra é psiquiatricamente normal, a variação observada é claramente compatível com a saúde mental normal e não implica ou sugere aumento do risco de violência na nossa amostra. "




“Acredito que seja na interacção entre essas tendências genéticas e as influências do ambiente que está a explicação para a agressividade”, pondera Oswaldo Frota-Pessoa, do Departamento de Biologia da Universidade de São Paulo (USP). O director de Neuropsiquiatria da Universidade de Massachusetts, Craig Ferris, concorda, “O comportamento é 100% hereditário e 100% ambiental”, ironiza. Essas teses têm animado os advogados, que atormentam os cientistas em busca de argumentos para livrar os seus clientes. Por enquanto, sem sucesso.





Penso os “genes da violência” têm a sua influência no comportamento humano, mas é a pessoa que tem o poder de controlar a sua agressividade.

Se o indivíduo possuir estes genes mas viver num ambiente de paz, provavelmente, a sua capacidade de controlo é maior do que um que viva num meio que o incite á violência, logo, alguém que possua estes genes não tem de ser necessariamente uma pessoa violenta e agressiva.

Com os avanços da ciência espero que este gene seja, finalmente, totalmente decifrado.

Sofia Carvalho


sources: aqui e aqui

A psicanálise de Freud

Para se compreender o ser humano, segundo Freud, tem primeiro de se admitir a existência do inconsciente, que é uma zona do psiquismo constituída por desejos, pulsões, tendências e recordações recalcadas fundamentalmente de carácter sexual. Assim, o homem é dominado por motivações inconscientes (sexuais e agressivas) que se esforça por dominar. Freud conclui que muitos dos sintomas apresentados pelos seus pacientes eram manifestações de conflitos psíquicos relacionados com a sexualidade, sujeita à repressão. A maioria desses conflitos remetiam para experiências traumáticas vividas na infância e recalcadas no inconsciente.
O inconsciente exerce uma forte influência no comportamento. Ao consciente, onde armazenamos imagens, ideias, recordações e pensamentos é possível aceder através da introspecção. Os materiais do inconsciente, têm uma tendência para se tornar conscientes, no entanto há uma censura que impede este acesso, recalcando-os.

O recalcamento é um mecanismo de defesa que devolve ao inconsciente os materiais que procuravam tornar-se conscientes. O recalcamento ocorre para proteger o « eu » de desejos e recordações inaceitáveis.
Freud tinha então de encontrar uma forma de aceder e explorar o inconsciente. Assim, depois de ter abandonado a hipnose, aplica um método clínico adaptando um conjunto de técnicas que permitiam trazer ao consciente as causas desconhecidas dos problemas e dos conflitos dos pacientes. Essas técnicas, recorrentes do psicanalista, são por exemplo: associações livres, interpretação dos sonhos, análise da transferência e análise dos actos falhados.

Em conclusão, um ser humano é dominado, desde o nascimento, por pulsões, sobretudo de carácter sexual, vivendo conflitos intra-psíquicos que se manifestam no comportamento da nossa vida quotidiana.

Olga Lopes

Introspecção


Podemos definir Introspecção como o acto pelo qual o sujeito observa os conteúdos de seus próprios estados mentais, tomando consciência deles. De entre os possíveis conteúdos mentais susceptíveis de introspecção podem destacar-se as crenças, as memórias (sejam visuais, auditivas, olfactivas, sonoras, tácteis), as intenções, as emoções e o conteúdo do pensamento em geral (conceitos, raciocínios, associações de ideias).

Foram muitos os filósofos a usarem este método de investigação que é estimulado a partir de uma máxima de Sócrates “Conhece-te a ti mesmo” e também de Descartes com o “Penso, logo existo”.

A introspecção é o método original da psicologia, usado desde a sua fundação por Wundt e William James para verificar o funcionamento da mente. Foi também usada por Jean Piaget, Sigmund Freud, Titchener e Aaron Beck.

Geralmente é muito estimulada tanto na psicoterapia, como na psicanálise e na terapia cognitivo-comportamental, onde o sujeito pode ser levado a reflectir sobre a consequência de suas acções, o seu modo de pensar e ainda sobre formas de pensar mais eficazes que diminuam o seu sofrimento.

Sem dúvida que se soubermos olhar para nós próprios, para o nosso interior, pode ser muito útil no dia-a-dia. E para olharmos para nós próprios não temos necessariamente de ter problemas. Pode servir tão-somente para relembrar, analisar, avaliar todos os momentos e acções que protagonizamos, quer como actores principais quer como secundários. No entanto, na minha opinião, devemos valorizar somente aquilo que é valorizável…ou seja, não podemos nem devemos arranjar desculpas, inventar “situações problema” para justificar esta ou aquela dificuldade. E, enquanto reflectia acerca desta problemática e procurava no baú das minhas memórias ocorreu-me uma frase, cujo autor desconheço, mas que foi reproduzida por Jaime Bulhosa e que eu passo a transcrever “As pessoas são como os livros, têm exactamente os mesmos inimigos, isto é, o seu próprio conteúdo.”

Maria Azevedo

sábado, 18 de dezembro de 2010

Relações precoces


“As caras que ela faz para o
Bebé, a maneira como utiliza a
Fala, não só naquilo que diz, mas
Nos sons que emite, os
Movimentos da cabeça e do
Corpo, as coisas que faz com as
 Mãos e dedos, a posição que
Toma em relação ao bebé, e o
Tempo e ritmo das suas reacções,
Tudo isto se torna diferente.”

Onde se criam os primeiros laços de afectividade?
Com quem se criam esses laços?

Os primeiros laços de afectividade têm origem na barriga da nossa progenitora, a nossa mãe… É ela que nos alimenta, que nos transporta dentro dela, é ela que nos acolhe desde o início da nossa aparição! Existe em nós uma necessidade primária de laços afectivos, a sensação de estarmos seguros, porque a outro estamos ligados, tem sido amplamente investigada nas ultimas décadas, e descrita como o alicerce para o desenvolvimento saudável. 

Umas das outras etapas e o desenvolvimento social que capacita o indivíduo para se relacionar afectiva e socialmente com os outros, estabelecem se interacções com os outros. A necessidade inata de estabelecer laços não é exclusivamente do ser humano. Sabemos hoje que muitas espécies demonstram comportamentos paternais e que as crias se encontram instintivamente programadas para seguir, tocar, chamar e esconder-se atrás das mães. Ligada ao conceito de vinculação, temos as figuras de vinculação, e temos como exemplo, a mãe o pai, irmãos mais velhos, avós e até mesmo educadoras… É sabido que as crianças estabelecem hierarquias de preferência entre estas figuras. A existência e diversidade de figuras de vinculação facilita a aprendizagem da criança por observação, constitui, portanto, um enriquecimento e um factor de segurança. No entanto, é necessário que haja qualidade da relação de vinculação, isto é, a relação deve ser contínua e as figuras de vinculação deverão estar disponíveis adaptando-se aos ritmos e necessidades afectivas da criança (carícias, compreensão, comunicação, companhia e atenção).

A relação de vinculação é uma construção progressiva: a aptidão inata é modelada no decorrer da interacção com o meio social. O comportamento (reacção observável) de vinculação destina-se a favorecer a proximidade e informa a mãe do desejo de interacção do bebé. Exemplos: (além desses: agarrar, gatinhar).
Maria Dias

O homem é um animal político

“O porquê seja o homem um animal político, mais que as abelhas ou outros animais gregários,é evidente. A natureza, conforme dissemos, não faz nada em vão; pois bem, o homem é entre os animais o único que tem a palavra… A palavra é para tornar patente o proveitoso e o nocivo, o mesmo que o justo e o injusto; e aquilo que é próprio do homem com respeito aos demais animais é que somente ele tem a percepção do bem e do mal, do justo e injusto e de outras qualidades semelhantes, e a participação comum nessas percepções é o que constitui a família e a cidade.”

O homem é uma realidade social, ou seja, politica. Na politica do homem é a possibilidade de comunicação, ou seja, o homem ao ser um animal politico, realiza-se dentro do estado-cidade onde convive com os cidadãos e também realizam-se nos cargos civis e na organização cívica. Esta realização na cidade faz-se através da participação comum.
                                                                    Ana Raquel Magalhães 

Metal redondo e Papel pesado

“Pois o metal redondo e o papel pesado, que eles chamam dinheiro, é que são a verdadeira divindade dos Brancos. (…)
Pensam todos os dias, todas as horas, em todos os momentos no dinheiro. Todos, todos! Até as crianças têm de pensar nele, devem nele pensar! É o que aprendem com a mãe, é o que vêem o pai fazer. Todos os europeus! (…)
Só vi uma coisa pela qual, na Europa, ainda não se exige dinheiro, da qual todos podem participar quanto queiram: a respiração do ar (…).”

Retirado do livro “Papalagui”

Antigamente os povos trocavam os produtos entre si. Com o passar do tempo, a sociedade evoluiu e o mecanismo de troca, alterou-se. Surgiu o dinheiro. Este começou por ser em moedas e hoje já o encontramos em papel e até em cartão. Com o metal redondo e o papel pesado a vida da sociedade alterou-se profundamente e hoje, tornou-se impossível viver sem dinheiro. Este é necessário para comprar um tecto, alimentos e roupa, para ter acesso a cuidados de saúde básicos, à educação. Em suma, para se poder viver com dignidade.

Desta forma, a sociedade tornou-se mais consumista em que comprar é a palavra de ordem.
Aproxima-se o Natal, que é tempo de paz e harmonia, de afectos e carinho, de partilha e de solidariedade, de amor e convívio. É tempo de estar com aqueles que mais gostamos e de nos sentirmos felizes. No entanto, o Natal tornou-se uma época de consumo excessivo, transformando-se numa busca desenfreada, numa correria intensa à procura do presente ideal que cada vez é mais difícil de encontrar, tal é a variedade que nos é apresentada.
Ao olharmos à nossa volta, ouvimos o tilintar das moedas, um som que conhecemos desde crianças. Aprendemos a contar os “trocos” com os nossos pais, que desde cedo nos ensinaram a respeitar o dinheiro e os outros. Contudo, algumas crianças não aprenderam tal lição e quando cresceram e se tornaram adultas, deixaram de respeitar os outros na ânsia de obterem cada vez mais dinheiro, sem olhar aos meios para atingir os seus fins. O importante tornou-se óbvio: o dinheiro.
O dinheiro move o mundo e um habitante de Samoa ficou espantado quando visitou a Europa e se apercebeu que a única coisa pela qual ainda não se paga é por respirar o ar.
Eu pergunto, até quando?

Patrícia   Ribeiro


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Será este o nosso futuro?

Talvez o que acontecerá um dia é tornares-te um chato, deixares de sair à noite e começares a levar-te demasiado a sério. Nesse dia, vais começar a vestir preto e bege, pedir para baixar o volume da música e deixares a tua guitarra a apanhar pó. Vais tornar-te socialmente evoluído, economicamente consciente. Vais achar que tens de ir para onde toda a gente vai e assumir que tens de usar fato e gravata todos os dias. Nesse dia vais deixar de beijar em público, as tuas viagens serão mais vezes no sofá e dormirás menos ao relento. É oficial, vais entrar na idade do chinelo e deixar de ser quem foste até então. Vais deixar de te sentar ao colo dos amigos e vais esquecer-te de como se faz um. Vais ficar "nervosinho" se não trocares de carro de quatro em quatro anos. Vais tornar-te muito crescido e começar a preocupar-te com tudo e com nada e a não fazer nada porque “vai-se andando” e a vida é mesmo assim. Vais dizer não mais vezes, vais ter mais medo, vais achar que não podes, que não deves, que tens vergonha. Vais ser mais triste.
É esta a sociedade em que vivemos, a sociedade do politicamente correcto. Será este o nosso futuro? Porque é que todos dizem que quando crescermos vamos mudar as nossas ideias? A nossa personalidade pode ser a mesma, basta querer, não nos deixarmos ir pela ideia que toda a gente tem, gente essa que só pensa no futuro brilhante esquecendo-se que precisamos de viver o presente esse sim nos faz feliz.
Nesse dia o mais provável é que mudes de trilho. 
Aqui fica uma ideia: quando esse dia chegar não lhe fales, segue em frente.


                                                                                                                                          Adriana Araújo

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"Não vês como isto é duro
Ser jovem não é um posto
Ter de encarar o futuro
Com borbulhas no rosto"


Jean Piaget



   Segundo Piaget a adolescência situa-se no quarto estádio do desenvolvimento humano, o estádio das operações formais que se situa entre os 11 anos até cerca dos 15/16 anos.

  Estádio                        Idades                  Principais Características

  Operações Formais         11/12              Pensamento abstracto
                                         anos                Maturidade Intelectual
                                          até                  Raciocíneos hipotético-dedutivos
                                         15/16              Definição de conceitos e de valores
                                         anos                Egocentrismo intelectual      

A partir desta altura a criança/adolescente já é capaz de fazer operações sem o suporte da manipulação de objectos. As operações passam a ser realizadas a um nível absolutamente verbal e conceptual, sendo capaz de efectuar raciocínios hipotético-dedutivos, deduzindo mentalmente de hipóteses abstractas. Tornam-se então capazes de planear um futuro glorioso, antecipar as consequências das acções, criar explicações alternativas dos eventos, transformar o mundo pela palavra e suspender as próprias crenças.
       Os adolescentes tornam-se mais capazes de pensar sobre o que é possível sem limitar o seu pensamento sobre o que é real, movem-se mais facilmente entre o especifico e o abstracto, geram sistematicamente possibilidades alternativas e explicações, exercita ideias no campo do possível e formula hipóteses. O pensamento passa a revelar uma natureza auto-reflexiva.Com estas capacidades começa a definir conceitos e valores.
      
       As principais características da adolescência são:
 
    ●A capacidade de abstracção, realizando operações mentais sem necessidade de referência a objectos concretos. As operações lógicas dão-se no plano das ideias sem necessidade de apoio da percepção, havendo capacidade de generalização, analise e síntese;

    ● O predomínio de esquemas conceptuais abstractos e a utilização de uma lógica formal-proposicional, raciocínio hipotético-dedutivo que deduz as conclusões apenas de puras hipóteses sem recorrer a uma observação do real;

   ● Egocentrismo cognitivo, pois acredita ser capaz de resolver todos os problemas que aparecem, considerando as suas próprias conclusões como as mais correctas – crença na omnipotência da reflexão, como se o mundo se tivesse que submeter aos sistemas e não os sistemas a realidade. Atribui um poder ilimitado ao seu pensamento; 

     Existência de uma fase não social, onde há uma interiorização de valores e conceitos e um auto conhecimento. Condena, despreza e quer mudar a sociedade depois surge o predomínio dos grupos que se constituem como sociedades de discussão. Sendo a fase de expansão posterior a do isolamento;

   ● Durante este estádio de desenvolvimento surge a capacidade de autonomia plena, havendo uma moral individual, onde estão definidos os próprios valores. Consegue já compreender relações de reciprocidade, coordenação de valores e de cooperação;
  
    É a idade metafísica por excelência. O “eu” é bastante forte para reconstruir o universo e bastante grande para o incorporar a si.

      Piaget explica que ocorrem diferenças no ritmo do desenvolvimento entre as pessoas a as atribui às variações na qualidade e frequência da estimulação intelectual recebida dos adultos durante a infância e adolescência, aos factores espontâneos e endógenos do indivíduo e à presença de um meio que seja favorável.        


Ricardo Martins


Será que podemos confiar cegamente nos nossos sentidos?









É através dos processos cognitivos como a percepção, aprendizagem e a memória que tomamos conta da realidade que nos rodeia. A percepção é o processo através do qual contactamos o mundo utilizando os sentidos, como por exemplo: é o visual que utilizamos ao observar as imagens. Mas será que unicamente através dos sentidos podemos visualizar o que nos rodeia? Na minha opinião não. E podemos verificar isso através da arte de Julian Beever, pois na primeira apreciação dá-nos um pouco ar de realidade, mas estas são apenas imagens que tentam dar a ideia de tridimensional designando-se assim por uma anamorfose.
A concepção da psicologia do gestaltismo é a teoria sobre como o nosso campo perceptivo segue determinadas tendências sob a forma de conjuntos estruturados. A percepção estruturada se daria seguindo a tendência das linhas e das formas, destacando as figuras de seus fundos. Porém, não se pode reduzir os fenómenos somente ao campo perceptivo, pois deve-se levar em conta o todo sendo diferente da soma das partes. Sendo assim, a percepção não se limita apenas ao registo de uma informação sensorial fazendo também combinações por síntese mental, em reconstruir o edifício complexo do psiquismo.
Ficamos agora com um vídeo da arte de Julian Beever:
arte de julian beever


Marta Sousa

A TEORIA DE PIAGET

O ser humano nasce frágil, prematuro e sem preparação para enfrentar o meio. Esta desvantagem torna-se, porém, uma enorme vantagem no desenvolvimento humano porque é este inacabamento biológico que permitem a adaptação ao meio, a aprendizagem contínua e a relação interpessoal.

Jean Piaget nasceu a 9 de Agosto de 1896, em Neuchâtel, Suíça falecendo a 16 de Setembro de 1980, em Genebra.
Reconhecido pelo trabalho pioneiro no campo do desenvolvimento cognitivo da criança é um dos psicólogos estudados em psicologia.
O seu estudo em Biologia, levo-o a perceber o conhecimento cognitivo de uma criança como sendo uma evolução gradual, do qual, a criança vai-se capacitando em níveis cada vez mais complexos do conhecimento, seguido de uma consequência lógica.
Observou crianças em contexto escola e em parques realizando uma pesquisa empírica e através disso desenvolveu o seu método clínico.


Esta teoria pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas previsíveis, que designamos por estádios, que se caracterizam pelas diferentes maneiras do indivíduo interagir com a realidade, ou seja, de organizar os seus conhecimentos, fazendo a sua adaptação, ocorrendo assim, modificações progressivas dos esquemas de assimilação e acumulação.
Piaget mostrou que os seres humanos se desenvolvem a partir de interacções com o meio e a aprendizagem é um processo gradual.
O ponto de partida dos estádios é a posição egocêntrica, ou seja, aquela em que a criança não distingue a existência de um mundo externo, separado de si mesmo. O egoísmo na linguagem dá-se quando a criança fala e não sente a necessidade de explicar o que diz, pois tem a certeza que está a ser entendida. Através do egocentrismo, percebeu que a inteligência forma-se por meio da adaptação e quando se depara com uma novidade muda a sua forma de agir. Estas duas interacções é que vão reduzir o seu egoísmo.

ESTADIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

SENSÓRIO-MOTOR (0 aos 2 anos):
·        dá-se através de percepções sensoriais;
·        nesta fase a criança está explorando o meio físico através de seus esquemas motores;
·        as crianças são práticas – embora sendo inteligentes ainda não possuem pensamento;
·        constroem noções de :
§  tempo
§  espaço
§  causalidade.


PRÉ-OPERATÓRIO (2 anos a 7 anos):
·        a criança é capaz de simbolizar, de evocar objectos ausentes;
·        a criança é capaz de imitar gestos, mesmo com a ausência de modelos;
·        aparecimento da linguagem oral;
·        sentimento egocêntrico;
·        atribuição de sentimentos.


OPERAÇÕES CONCRETAS (7 a 11/12 anos):
·        a criança tem a inteligência operatória concreta;
·        necessita de material concreto, para realizar essas operações, mas já está apta a considerar o ponto de vista do outro, sendo que está saindo do egocentrismo.


OPERAÇÕES FORMAIS (a partir dos 11/12 anos):
·        o pensamento do adolescente torna-se livre;
·        capacidade de raciocínio;
·         não trabalha só com o mundo concreto, mas também com o abstracto.



Piaget concebe então o sujeito como tendo um papel activo na construção do conhecimento – CONSTUTIVISMO.
Posso concluir que desenvolvimento cognitivo resulta da interacção entre as estruturas inatas do sujeito e o meio. Isto contraria a ideia do ser humano ser unicamente determinado pelo meio ou pelos genes.

Se pensam que são apenas os seres humanos que conseguem desenvolver e construir o seu conhecimento estão enganados, pois tal como as crianças, os animais também passam por várias fases de desenvolvimento cognitivo. Eles também possuem inteligência e esta, tal como a nossa é resultante das interacções com o meio. Cada qual com graus diferentes de evolução. Daí o meu interesse pelas experiências de Jean Piaget.
Inteligência animal relaciona-se com as capacidades cognitivas dos humanos, como por exemplo, capacidades de criar instrumentos, mapas mentais.
Durante muito tempo, considerava-se que apenas os seres humanos eram dotados de tais capacidades.
 Uma maneira que os cientistas tiveram para comprovar que existia inteligência animal foi através das experiências.
Até que ponto são eles capazes de superar os desafios com que se deparam?



As experiências realizadas mostram que os animais possuem diferentes graus de inteligência, sendo uns capazes de superar mais desafios do que outros.
Sem dúvida que o homem realiza, de um modo que o distância dos outros animais, uma actividade intelectual constante, cujo suporte é a linguagem.

ACTIVIDADES INTELIGENTES NÃO SÃO EXCLUSIVAS DO HOMEM.


MARINA MAGALHÃES

Herança Genética e o Meio – OS GÉMEOS

Cada ser humano tem características próprias, características que os tornam únicos. No entanto, para conseguirmos explicar este facto, temos que ter em conta dois aspectos essenciais: o meio e a hereditariedade. Assim sendo, ao conjunto de características que uma pessoa recebe por hereditariedade dá-se o nome de genótipo e ao conjunto de características que um individuo apresente, resultado da sua hereditariedade e de influência do meio, denominamos fenótipo.
Um indivíduo é, ao longo da sua vida, muito influenciado pelo meio. Assim, o meio é constituído por elementos que intervêm no comportamento de cada indivíduo.
Existem dois tipos de gémeos:
·        falsos ou heterozigóticos:
o   formam-se de ovos distintos, ou seja, em óvulos diferentes fecundados por diferentes espermatozóides.
o   tendo nascido em ovos diferentes não possuem a mesma estrutura genética, são tão distintos como dois irmãos não gémeos e podem, portanto, possuir o mesmo sexo ou não.
·        verdadeiros ou homozigóticos:
o   formam-se de um único óvulo fecundado por um único espermatozóide. Em vez de se formar um embrião formam- -se dois ou mais embriões;
o   tendo nascido de um mesmo ovo, possuem a mesma estrutura genética (número de cromossomas)e são, por isso, do mesmo sexo, têm o mesmo grupo sanguíneo e a mesma estrutura física.



         Os estudos modernos com gémeos demonstram que aqueles que foram separados no nascimento ou pouco depois dele são mais semelhantes do que os que foram criados juntos ou separados com uma idade mais avançada. Como isso pode ser explicado?
O estudo com gémeos é muito importante para a psicologia e também para a ciência, pois existe um debate nature versus nurture ou natureza versus criação se enriquece através de estudos empíricos com este grupo de pessoas.
Até a década de 70 os estudos com gémeos não eram confiáveis. Hoje, a maioria dos estudos com gémeos são realizados com mais cuidados, e são co  muns principalmente na disciplina conhecida como genética do comportamento.
Voltando à questão inicial, Ridley fornece uma possível explicação, gémeos idênticos criados separados são mais semelhantes do que os criados juntos:

“Pequenas diferenças no carácter inato são exageradas pela prática, não aplainadas por ela. Isso é o que acontece entre gémeos idênticos. Se um é mais extrovertido que outro, eles gradualmente exagerarão esta diferença” (Ridley, 2003, p. 323).





Ridley explica o modo como os gémeos idênticos criados separados são mais semelhantes do que os criados juntos. Os gémeos criados juntos tendem a reforçar as suas diferenças para se diferenciarem um do outro, já os separados não têm essa preocupação.
De qualquer forma, os testes confirmam que os gémeos idênticos, separados ou não à nascença, são muito parecidos, mas não idênticos nas suas características: personalidade, hábitos ou desenvolvimentos de doenças.

Exemplo:
 A relação entre adoptados no mesmo lar pode ser um instrumento útil para verificar o peso do ambiente durante a infância no produto final, a personalidade adulta.
Seria esperado, do desenvolvimento da personalidade, encontrar pelo menos algumas influências em comum pelo facto destas crianças dividirem o mesmo ambiente familiar, que é semelhante pelo menos alguns parâmetros como a personalidade dos pais, nível social, económico e cultural, sistema religioso, etc.
É evidente que ser criado no mesmo lar não quer dizer que os estímulos que incidiram na criança sejam os mesmos. Podemos então concluir que o ambiente apesar de ser semelhante, não torna a personalidade das crianças adoptadas idêntica.


ð     Assim, os estudos demonstram que diferenças em mentes podem resultar de diferenças em genes. Isso não significa que o papel da criação seja nulo, pelo contrário, a hereditariedade depende inteiramente do contexto. De qualquer forma, o papel dos genes não pode ser ignorado.

TIAGO COSTA