No final dos anos 90 e início do século XXI, havia uma grande atenção da parte da imprensa académica sobre genética comportamental, especialmente no que diz respeito a estes genes, os "genes da violência".
Em 1993, a análise do DNA de integrantes de uma família holandesa na qual se registavam vários casos de conduta violenta levou à conclusão de que um defeito genético era o responsável. Os estudos do psicólogo Herman Witkin com 4 139 recrutas do Exército da Dinamarca, em 1976, já iam pelo mesmo caminho. Witkin encontrou doze soldados com a formação cromossoma XYY, relativamente rara, e comprovou que 41,7% deles tinham cometido crimes no passado. Entre os demais, o índice de criminalidade era de 9%.
Estudos recentes, de 2009, confirmam o que já há quinze anos se sabia: que o gene MAOA L (Monoamine oxidase A, L de «Low», isto é, de baixa frequência) conduz à violência, ao crime e à agressão sexual, e é muito menos frequente entre brancos ocidentais do que entre gentes de outras origens etno-raciais.
Efectivamente, apenas um terço dos Ocidentais tem este gene, que é pelo contrário muito mais frequente (cerca de dois terços da população) em países onde está presente um conflito armado. Daí que o gene seja já chamado «o gene guerreiro».
Os genes podem afectar os comportamentos complexos como a agressão, pois são eles que direccionam a produção de proteínas - os blocos de construção dos sistemas vivos. Certos tipos de proteínas, as enzimas, quebram certas substâncias químicas no cérebro, principalmente, a serotonina - um mensageiro químico do cérebro que ajuda as células deste a comunicarem entre si.
"Uma coisa fascinante", diz o Dr. Meyer-Lindenberg, sobre esta área da ciência denominada “genética psiquiátrica ", “é como é possível que os genes possam codificar moléculas que afectam a algo tão complexo como o comportamento, até doenças psiquiátricas como a depressão e comportamento social. "
Para os estudar, Meyer-Lindenberg fez exames de ressonância magnética a mais de 100 voluntários saudáveis. Uma vez que esta variação genética é comum na nossa população, alguns dos voluntários tinham esta variação, e alguns não.
Mostrou-lhes fotos de raiva e medo, rostos e outras imagens perturbadoras, como as de um cão feroz ou de uma arma apontada em direcção à tela.
Como ele escreveu em "Proceedings of National Academy of Sciences", “Aqueles com a forma de agressão relacionada com o gene, ao verem as fotos, registam uma maior actividade na amígdala - a área do cérebro que detecta perigo, e menor actividade no córtex cingulado - o região do cérebro que é acreditada para controlar a agressão”.
Estes testes padrão do cérebro têm sido relacionados com a violência impulsiva, mas Meyer-Lindenberg adverte, "... porque a nossa amostra é psiquiatricamente normal, a variação observada é claramente compatível com a saúde mental normal e não implica ou sugere aumento do risco de violência na nossa amostra. "
“Acredito que seja na interacção entre essas tendências genéticas e as influências do ambiente que está a explicação para a agressividade”, pondera Oswaldo Frota-Pessoa, do Departamento de Biologia da Universidade de São Paulo (USP). O director de Neuropsiquiatria da Universidade de Massachusetts, Craig Ferris, concorda, “O comportamento é 100% hereditário e 100% ambiental”, ironiza. Essas teses têm animado os advogados, que atormentam os cientistas em busca de argumentos para livrar os seus clientes. Por enquanto, sem sucesso.
Penso os “genes da violência” têm a sua influência no comportamento humano, mas é a pessoa que tem o poder de controlar a sua agressividade.
Se o indivíduo possuir estes genes mas viver num ambiente de paz, provavelmente, a sua capacidade de controlo é maior do que um que viva num meio que o incite á violência, logo, alguém que possua estes genes não tem de ser necessariamente uma pessoa violenta e agressiva.
Com os avanços da ciência espero que este gene seja, finalmente, totalmente decifrado.
Sofia Carvalho
sources: aqui e aqui
Porém se for portador da variante MAOA-L, a sua personalidade violenta e agressiva mais cedo ou mais tarde aflorará. Os neurotransmissores ditam a nossa vida.
ResponderEliminarPorém se for portador da variante MAOA-L, a sua personalidade violenta e agressiva mais cedo ou mais tarde aflorará. Os neurotransmissores ditam a nossa vida.
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