sábado, 18 de dezembro de 2010

Metal redondo e Papel pesado

“Pois o metal redondo e o papel pesado, que eles chamam dinheiro, é que são a verdadeira divindade dos Brancos. (…)
Pensam todos os dias, todas as horas, em todos os momentos no dinheiro. Todos, todos! Até as crianças têm de pensar nele, devem nele pensar! É o que aprendem com a mãe, é o que vêem o pai fazer. Todos os europeus! (…)
Só vi uma coisa pela qual, na Europa, ainda não se exige dinheiro, da qual todos podem participar quanto queiram: a respiração do ar (…).”

Retirado do livro “Papalagui”

Antigamente os povos trocavam os produtos entre si. Com o passar do tempo, a sociedade evoluiu e o mecanismo de troca, alterou-se. Surgiu o dinheiro. Este começou por ser em moedas e hoje já o encontramos em papel e até em cartão. Com o metal redondo e o papel pesado a vida da sociedade alterou-se profundamente e hoje, tornou-se impossível viver sem dinheiro. Este é necessário para comprar um tecto, alimentos e roupa, para ter acesso a cuidados de saúde básicos, à educação. Em suma, para se poder viver com dignidade.

Desta forma, a sociedade tornou-se mais consumista em que comprar é a palavra de ordem.
Aproxima-se o Natal, que é tempo de paz e harmonia, de afectos e carinho, de partilha e de solidariedade, de amor e convívio. É tempo de estar com aqueles que mais gostamos e de nos sentirmos felizes. No entanto, o Natal tornou-se uma época de consumo excessivo, transformando-se numa busca desenfreada, numa correria intensa à procura do presente ideal que cada vez é mais difícil de encontrar, tal é a variedade que nos é apresentada.
Ao olharmos à nossa volta, ouvimos o tilintar das moedas, um som que conhecemos desde crianças. Aprendemos a contar os “trocos” com os nossos pais, que desde cedo nos ensinaram a respeitar o dinheiro e os outros. Contudo, algumas crianças não aprenderam tal lição e quando cresceram e se tornaram adultas, deixaram de respeitar os outros na ânsia de obterem cada vez mais dinheiro, sem olhar aos meios para atingir os seus fins. O importante tornou-se óbvio: o dinheiro.
O dinheiro move o mundo e um habitante de Samoa ficou espantado quando visitou a Europa e se apercebeu que a única coisa pela qual ainda não se paga é por respirar o ar.
Eu pergunto, até quando?

Patrícia   Ribeiro


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