segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quem sou eu?


Quem sou eu? Pergunta o ser humano. O Estado não lhe pode responder. Não conhece senão conceitos abstractos: emprego, reformas... O mesmo acontece com a sociedade em geral: o que existe para ela é a ajuda aos refugiados, os socorros de urgência... Sempre abstracções. No universo do Estado e da sociedade, este ser humano não é uma realidade viva. É um número, uma ficha, num dossier que tem uma infinidade de outros, cada uma com o seu número. No entanto este ser humano não é um número; é um ser vivo, um indivíduo e, como tal, fala-nos de uma casa, uma casa bem determinada que foi sua e dos seus, dos seus animais, cada um com o seu nome. É a tudo isso que o ser humano se refere quando põe a pergunta, sem resposta: Quem sou eu? Que sentido tem tudo isto?
Gabriel Marcel, O Homem Problemático

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